Miniimplantes na Ortodontia


O uso de microparafusos de titânio como dispositivo para ancoragem absoluta direta, simplifica a aparatologia ortodôntica e minimiza os efeitos indesejados das forças
devido à possibilidade de se escolher o local mais conveniente para sua instalação, sendo que, algumas das suas principais vantagens são:
• Seu tamanho reduzido permite sua implantação em grande variedade de áreas.
• São de fácil instalação e remoção.
• Podem ser ativados de maneira imediata desde que apresentem boa estabilidade inicial.
• Baixo custo.
• Conforto e boa aceitação por parte dos pacientes.
• Movimentação simultânea de várias unidades dentárias sem prejuízo para o sistema de ancoragem.
• Permitem desenclinar dentes sem extruí-los.
Com a utilização dos implantes surge um novo conceito de ancoragem, onde não há movimentação alguma da unidade de reação, denominada ancoragem absoluta e que é obtida devido aos efeitos colaterais da mecânica ortodôntica não serem capazes de movimentar a unidade de ancoragem. Outro aspecto importante é a estabilidade e
rigidez do implante logo após a aplicação de cargas ortodônticas que afetam positivamente a estrutura marginal na ausência de atividade osteolítica, sendo que a preservação total da ancoragem permite a simplificação da mecânica ortodôntica, viabilizando tratamentos mais previsíveis e reduzindo a dependência da cooperação do paciente.
As mini-placas de titânio, originalmente utilizadas para fixação cirúrgica, apesar de se prestarem bem como recurso de ancoragem absoluta,possuem algumas limitações quanto aos locais de fixação, além de apresentarem maior morbidade cirúrgica devido à necessidade de realização de dois procedimentos operatórios (instalação e remoção),
e elevado custo devido à complexidade técnica.
Na busca por um recurso de ancoragem esquelética mais versátil, percebeu-se que os parafusos para fixação cirúrgica, apesar de seu tamanho reduzido, possuíam resistência suficiente para suportar a maioria das forças ortodônticas. O inconveniente deste tipo de parafuso residia na dificuldade de se acoplar acessórios ortodônticos à cabeça do mesmo, além de não permitirem boa acomodação dos tecidos moles adjacentes. Baseado nesta idéia, foram desenvolvidos os miniimplantes específicos para Ortodontia, sendo estes, dentre todos os implantes temporários, os que melhor se adequam às características necessárias a este tipo de ancoragem.

Planejamento cirúrgico para utilização dos microparafusos ortodônticos
Park2 através de estudo realizado avaliando tomografias computadorizadas das diferentes áreas da mandíbula e da maxila, sugeriu que as melhores áreas para instalação dos microimplantes são entre os pré-molares e molares superiores por vestibular na maxila, entre os primeiros e segundos molares por vestibular na mandíbula e entre as raízes palatinas dos primeiros e segundos molares superiores,
sendo que a espessura da cortical óssea alveolar aumenta da região dentária anterior para a posterior.
Observou-seque na região posterior, tanto da maxila quanto da mandíbula, a maioria dos espaços interradiculares possui área suficiente para a instalação de miniimplantes. Na maxila, a maior disponibilidade óssea se localiza entre o primeiro
e o segundo pré-molar, seguidas das áreas entre primeiro pré-molar e canino, e segundo pré-molar e primeiro molar, sendo maior por palatina que por vestibular. Na mandíbula, as maiores áreas interdentárias disponíveis para a inserção de miniimplantes são entre primeiros e segundos molares, seguidas pelos espaços entre primeiros e segundos pré-molares, segundos pré-molares e primeiros molares, e primeiros pré-molares e caninos,gradativamente. Observou-se, ainda, aumento
de cervical para apical, devido à forma cônica das raízes. Destarte, quanto menor o espaço disponível, menor deverá ser o diâmetro do implante.Para critério de seleção, o espaço disponível entre as raízes, no sentido mesiodistal, na área cirúrgica
eleita, deverá ser, no mínimo, o correspondente ao diâmetro do implante somado a 1,5 mm. Isso se deve ao fato de o espaço periodontal radicular possuir, em média, 0,25mm para cada raiz e ser necessário mais 1mm de margem de segurança. Portanto, no caso de eleição de um miniimplante ortodôntico de 1,4mm de diâmetro, a distância
entre as raízes deverá ser de, no mínimo, 2,9mm. Caso esta distância não esteja disponível, há necessidade de se avaliar a possibilidade de utilização de
posicionamentos anatômicos alternativos, modificar a angulação de instalação do miniimplante ortodôntico ou, ainda, promover, ortodonticamenteo afastamento das raízes, de forma a aumentar o espaço para que a fixação do miniimplante seja
realizada com segurança.
Os miniimplantes podem ser usados nos diversos diâmetros, desde que o local de eleição apresente espaço suficiente. Normalmente, porém, são utilizados os dispositivos de 1,2mm para a instalação entre raízes, em áreas de alta densidade
óssea (palato e mandíbula) e quando obtém-se boa estabilidade primária; os de 1,4mm entre raízes dentárias que apresentem maior espaço, áreas com densidade óssea média (maxila) ou caso o de 1,2mm não obtenha boa estabilidade primária. Os de 1,6mm são mais usados em regiões edêntulas, áreas de baixa densidade óssea (tuberosidade)
ou caso o de 1,4mm não apresente estabilidade inicial adequada.
Para a instalação de miniimplantes no palato é necessária adequada avaliação da espessura da mucosa, que pode ser mensurada através da utilização de um cursor de borracha transpassado pela agulha da anestesia, permitindo uma aferição satisfatória
com o auxílio de uma régua ou sonda milimetrada.Como cerca de 6mm do miniimplante devem penetrar no osso, conhecendo-se a espessura da mucosa palatal é possível definir o tamanho do perfil transmucoso e do miniimplante.
Portanto, a seleção do diâmetro e comprimento ideais dependerá da avaliação individualizada do caso a ser tratado, norteando-se pela disponibilidade
óssea presente, densidade óssea no local da instalação, estabilidade primária alcançada, demanda ortodôntica presente e preservação da integridade das estruturas anatômicas.

REFERÊNCIA BILBIOGRÁFICA
1 . Fábio Bezerra | Henrique Villela | Marcos Laboissière Júnior | Luciana Diaz. Ancoragem ortodôntica absoluta utilizando microparafusos de titânio.(Trilogia - Parte I) Planejamento e protocolo cirúrgico.ImplantNews.V. 1, No 5 Setembro/Outubro 2004.
2 . Park HS. An anatomical study using CT images for the implantation of
micro-implants. Kora J Orthod, 32(6), 435-441, 2002.
3 . Araújo, t. M. ; Nascimento, m. H. A.; Bezerra, f.; Sobral, m. c. Ancoragem esquelética em Ortodontia com miniimplantes. R Dental Press Ortodon Ortop Facial Maringá, v. 11, n. 4, p. 126-156, jul./ago. 2006.

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